
Há alguns meses atrás deparei-me com uma notícia intrigante no jornal da RTP 1: as reclusas de determinada prisão, durante a sua pena, têm aulas consoante o seu nível de aprendizagem e trabalham dentro da prisão, sendo remuneradas por este “emprego” (neste caso a tarefa era formarem as solas de borracha de botas).
Na verdade eu acho bem que o façam, afinal assim são úteis. Mas receberem por tal?
Isto levou-me a uma conclusão caricata: uma pessoa que pratique algum tipo de delito (como por exemplo, matar alguém ou traficar droga) tem como castigo, nada mais nada menos que: passar uns anitos num local onde é educada, tem cama e roupa lavada, comida e presta um serviço pelo qual é remunerada. Ou seja, a punição para estes seres que supostamente “se portaram mal” é umas mini-férias sem custo algum. O único senão é o facto de estarem sempre no mesmo espaço durante um longo tempo e não poderem escolher o destino das supostas”férias”. Muito bom!
Realmente com represálias tão severas como estas, no lugar dos criminosos não me preocupava muito, afinal se a minha “má acção” não for descoberta não me acontece nada, se for, irei para um lugar (que por sinal se chama cadeia) onde não tenho despesas, aprendo umas coisitas, podendo até a transformar-me numa pessoa letrada, e ainda junto algum dinheiro sem me cansar muito. Parece que os “nossos amigos” não têm grandes problemas!
Acho que sim, que vamos bastante longe com estas medidas tão duras. Eu sei que tem em vista reabilitar, e não castigar os reclusos, mas não haveria outra maneira? E já não será reembolso suficiente o facto de os reabilitarmos?
Supostamente, as pessoas que são condenadas são realmente culpadas de algo, por isso, a que se deve esta vida tão folgada durante a sua pena? Porquê um castigo tão benévolo? É óbvio que, para alguns indivíduos, estar fechado durante tanto tempo em determinado espaço já é castigo suficiente, contudo não os poderiam tornar mais úteis?
Por exemplo, para quem passeia por algumas ruas de Lisboa, e periferia, depara-se muitas vezes com paredes rabiscadas, locais bastante perfumados por um odor pouco agradável devido a lagos sem tratamentos, vê ainda jardins demasiado sujos, enfim, espaços que realmente poderiam ser encantadores e, na verdade, não o são devido à falta de atenção para com eles. Não seria mais produtivo organizarem-se pequenos grupos de prisioneiros (para não se desencadear algum tipo de problema, afinal é mais fácil controlar meia dúzia, do que uma multidão) e aplicar a sua força na melhoria destes espaços tão vastos e espalhados por todo o país? É claro que isto é apenas um exemplo. Poderiam desde distribuir roupa e comida pelos sem-abrigo, até apoiar na elaboração de obras mais simples. Mas sem nenhum tipo de remuneração, pois o facto de ajudarem na preservação da sociedade já deveria ser recompensa suficiente. E para aqueles que demonstrarem um bom desempenho, poderia existir uma diminuição de pena. Porque não?
O problema é que para isto acontecer teriam que existir polícias, ou alguém responsável pelos reclusos, para evitar o aparecimento de complicações e é claro que isto iria fazer com que o governo investisse no financiamento destes vigilantes, o que não deve soar muito bem a Teixeira dos Santos (Ministro de Estado e das Finanças). Afinal, isto leva-nos para campos políticos, e nessa área parece ser sempre tudo muito complicado!