sexta-feira, 16 de julho de 2010

Um Precipício no Mar

"Lá porque não sabemos, não quer dizer que não venhamos a saber."

E é assim que passamos trinta minutos a poucos metros de Alex... sem sabermos. Mas a cada palavra, a cada pausa marcada por um baixar de cabeça que se esconde numa mão onde treme o dedo mindinho, descobrimos um novo espaço, outro parágrafo desta história que nos vai sendo revelada.

E parece tão pouco quando compramos os bilhetes.... uma peça de meia hora, uma pausa da correria destes dias apressados. Quase que poderia ser a hora do lanche, quase que podia ser um banho demorado, mas não é. É uma conversa, um monólogo, uma confissão, uma chapada com as costas da mão que nos faz aterrar numa espécie de "Porra, merda de vida que não podemos controlar!". É um Artur que compara Deus ao número irracional π (3.1415), é uma Helen que se aconchega naquele abrigo de um Alex. E é uma Lucy que deixa de ser, uma Lucy que é um Mundo para Artur, Helen e Alex.

Um Precipício no Mar, de Simons Stephens, é um espectáculo dos Artistas Unidos integrado no Festival de Almada onde, por apenas 5€, podemos aconchegar-nos num espaço criado para apenas três dezenas de pessoas, talvez nem tanto. Quase uma conversa entre amigos que descobrem no centro daquele espaço um rodopiar de emoções, um sorriso enternecedor, um olhar meio perdido. E no final há quem diga "Coitado do Artur, Coitada da Helen, Coitado do Alex". Um Precipício no Mar é uma história que nos envolve, uma história que não se sabe ainda, mas que se vai saber.

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