sexta-feira, 16 de julho de 2010

Um Precipício no Mar

"Lá porque não sabemos, não quer dizer que não venhamos a saber."

E é assim que passamos trinta minutos a poucos metros de Alex... sem sabermos. Mas a cada palavra, a cada pausa marcada por um baixar de cabeça que se esconde numa mão onde treme o dedo mindinho, descobrimos um novo espaço, outro parágrafo desta história que nos vai sendo revelada.

E parece tão pouco quando compramos os bilhetes.... uma peça de meia hora, uma pausa da correria destes dias apressados. Quase que poderia ser a hora do lanche, quase que podia ser um banho demorado, mas não é. É uma conversa, um monólogo, uma confissão, uma chapada com as costas da mão que nos faz aterrar numa espécie de "Porra, merda de vida que não podemos controlar!". É um Artur que compara Deus ao número irracional π (3.1415), é uma Helen que se aconchega naquele abrigo de um Alex. E é uma Lucy que deixa de ser, uma Lucy que é um Mundo para Artur, Helen e Alex.

Um Precipício no Mar, de Simons Stephens, é um espectáculo dos Artistas Unidos integrado no Festival de Almada onde, por apenas 5€, podemos aconchegar-nos num espaço criado para apenas três dezenas de pessoas, talvez nem tanto. Quase uma conversa entre amigos que descobrem no centro daquele espaço um rodopiar de emoções, um sorriso enternecedor, um olhar meio perdido. E no final há quem diga "Coitado do Artur, Coitada da Helen, Coitado do Alex". Um Precipício no Mar é uma história que nos envolve, uma história que não se sabe ainda, mas que se vai saber.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Lisboa Menina e Moça

Lisboa é uma cidade pequena…

Saí às 16h da minha aula de condução (são 16h15), está tanto Sol, há tanto tempo que não podia fazer fotossíntese! Então decido que, apesar de ter de estudar (porque o exame de Cultura Medieval é já amanhã), está um dia demasiado bom para estar em casa agarrada a livros!

Pego no telemóvel, mas todas as minhas pessoas estão ocupadas, por isso vou passear por Lisboa sozinha… do Areeiro vou até ao Campo Pequeno, mas estou cansada de estradas cheias de carros e acabo por me refugiar nas ruas secundárias.

Passo aqui tantas vezes e tudo se parece com um local estranho com o qual nunca me cruzei! Deixo-me espantar com as minhas descobertas… talvez até ridículas: é só uma mercearia de esquina, “à la antiga”, que parecem estar a desaparecer à medida que o “in da moda” são os supermercados embutidos em centros comerciais; é só um jardim pacato atrás da Caixa Geral de Depósitos; é só o Hotel Barcelona ao pé do Curry Cabral (suficientemente discreto e camuflado entre os outros prédios para nunca me ter dado ao trabalho de reparar…); e tudo isto aqui à mão de semear, separados apenas por umas ruas!

Dou por mim desviada da minha rota, o destino era a Cidade Universitária, não o Jardim da Gulbenkian (uma rua à esquerda onde não devia ter virado e já estou na Praça de Espanha, como Lisboa é pequena!). Fica mais bonito com o reflexo do Sol, aliás, as ruas ficam todas mais apetecíveis! E com tudo isto chego à conclusão que hoje era um bom dia para um passeio pela praia (mas a Caparica não fica a uns passinhos daqui!)…

Bolas, tenho que me inscrever no ginásio (os meus neurónios associaram a praia aos biquínis, e por consequência, aos meus quilinhos a mais)! Desvio o olhar da avenida sem fim, viro as costas à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e volto para o meu trajecto inicial. Vejo as torres cor-de-rosa da Loja do Cidadão. Bolas, Lisboa é mesmo pequena, Sete Rios é aqui ao lado!

Vem um carro da direita que quase me atropela (estava concentrada nas torres), nada de mais, uma buzinadela e pronto, tudo bem! Estou viva, está Sol! Volto ao caminho para a inscrição no ginásio! Já se passou uma hora, o Sol está a desaparecer, acabaram-se as ruas secundárias sem movimento! De novo na principal, agora mais focada no meu destino! Olho de soslaio por cima do ombro, Lisboa vai ficando para trás!

Lisboa é tão pequena… e enche-me os olhos em todas as viagens que faço sozinha (há muitas formas de se ser grande)! Respiro fundo e absorvo todos os pormenores que quero guardar por mais uns tempos! Sabe-me bem, soube-me bem, este bocado meu, nesta cidade minha!

Até já, quando mais uma vez quiser fugir da realidade e encontrar-me no meu Mundo! Até já, Lisboa, menina e moça!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Testemunho Real

No âmbito de uma disciplina intitulada Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), foi-nos proposto a realização de uma entrevista sobre a Faculdade. Neste caso referimo-nos à Faculdade da Universidade de Letras de Lisboa (FLUL).

Tal como para outros estudantes, esta não é uma simples faculdade. É o nosso espaço, a nossa casa, o sítio do qual nos estamos sempre a queixar, mas que, no dia em que tivermos que sair, até as pedras da calçada vão ouvir os nossos lamentos.

E como este sitio é tão especial, a nossa entrevistada tinha que ser uma residente desta instituição. Sara Caetano tem 19 anos, entrou no curso de Ciências da Cultura, especialização em Comunicação e Cultura, da Faculdade de Letras no ano de 2007 e vai partilhar connosco um pouco da sua experiência na faculdade.

1 – Sara esta não foi a tua primeira escolha quando te candidataste ao Ensino Superior certo?

Não. De facto a minha primeira escolha foi o curso de Biologia na Faculdade de Ciências.

2 – Tratam-se de escolhas bastante diferentes. Porque vir de Ciências para Letras?

Porque sempre me senti mais vocacionada para esta área, embora gosto muito das Ciências Naturais.

3 – Estás a gostar do curso? Vai de encontro às tuas expectativas?

Penso que o curso é demasiado teórico. Deveria ter uma componente mais prática, que nos preparasse melhor para a vida profissional.

4 – E estás a ter algum tipo de dificuldades?

Não, na sua generalidade o curso tem cadeiras acessíveis.

5 – Para terminarmos, revela-nos um pouco das tuas expectativas para o futuro?

Espero conseguir acabar o curso rapidamente e candidatar-me a um trabalho como Produtora de Eventos, pois acho que é uma área desafiante e que me irá dar algum gozo!

E aqui fica um testemunho de alguém que compartilha deste amor pela faculdade, ou como quem diz, pelas pessoas que aqui conheceu e com as quais travou amizades (que espera manter para sempre). Porque Letras é assim, orgulhamo-nos dela! Chumbando ou passando, Letras é o melhor que há! É este o espírito e para sempre assim será!

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mais um para a colecção!

Ao entrarmos nesta época é inevitável tocarmos neste assunto: o Natal!

Para aqueles que o Adoram é a explosão de alegria, o atingir do clímax! Prendinhas, férias, tempo para as festas de família e saídas com os amigos!!! WOOW!!!

E os que não gostam? Como é que esses ficam?

Já pensaram? Enfeites por todo o lado, as músicas tradicionais a invadir os centros comerciais, as pessoas todas doidas à procura da árvore perfeita e do presente ideal, e os pobres coitados têm que levar com isto tudo! Não que este sentimento de repulsa atinja uma grande parte da população, bem pelo contrário, devem dar para contar com os nossos dedinhos (dos pés e das mãos claro!), mas o que farão eles nesta altura? Fecham-se em casa? Põem uns fones e uns óculos escuros e aventuram-se a sair a rua?

Pois “meus amigos” não deve ser nada fácil passar pelo mês de Dezembro e evitar esta tradição que veio há muito tempo e, claro está, veio para ficar para toda a eternidade! Afinal é tão bom receber prendinhas e procurar aquelas que fazem as pessoas rejubilar de alegria! E ver as crianças delirarem com o suposto Pai Natal? Haverá maior delicia que esta que a sua inocência nos proporciona?

É agora que o Mundo pára para olhar para o vizinho do lado, pára para meter a mão na consciência e desculpar aquela pessoa que há tanto anseia pelo seu perdão, o ar enche-se de magia e humildade, fantasia e amor! Era necessário, aliás, é imprescindível que o Natal exista! Esta época é a pausa para praticarmos o bem… já que temos o ano todo para fazermos o que quisermos, nesta altura é tempo de meter a mão na consciência e fazer um contra balanço do ano que passou!

E para aqueles que não gostam do Natal, para aqueles que não conseguem descobrir a beleza desta tradição, aqui fica uma pergunta:

O que é que se passou para não verem o brilho do Natal?

Feliz Natal e Bom Ano Novo

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

As Divas Comandam!!!

Tina Turner e Cher no talk show Oprah

Hoje tive a oportunidade de ver duas grandes senhoras de peso no Mundo do espectáculo: Tina Turner e Cher – convidadas de Oprah Winfrey, na emissão de 5 de Maio do seu talk show.

Estas senhoras de renome na música pop/rock dos anos 70/80/90 (que também deram um pouco de si na área cinematográfica) vieram mostrar que ainda continuam em forma e prontas para tudo!

Mesmo os mais desatentos reconhecem o nome das divas e sabem cantarolar uma ou outra música. Tina, de 68 anos, conhecida pelas suas pernas de arrasar, animou o programa com “Natbush City Limits”, e Cher, de 61, juntou-se a ela no clássico “Proud Mary”. Contudo, esta última mostrou-se um pouco enferrujada e não brilhou tanto como Tunner, que a nada se compara com uma mulher de 1939. A diva pulou e dançou como uma jovem de 30 anos e maravilhou o público com a sua voz tão particular e com a genica que sempre a acompanhou!

Uma senhora dos 7 ofícios que, depois de um historial de violência doméstica, álcool e drogas, conquistou todo o Mundo, vindo agora anunciar que a sua carreira irá ter fim depois desta sua última digressão, composta por 40 concertos, que começou em Kansas City, United States, a 1 de Outubro de 2008, e poderá passa pela Europa.

Um marco na história da música que merece ser relembrado por muito tempo e colocado no pedestal, pois parece que hoje em dia qualquer um canta, e é necessário não deixar estes reis do palco serem afectados pela triste banalização em que a arte musical se está a tornar.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Qual será o problema??!!

É de senso comum que a justiça portuguesa não é perfeita e que os tribunais são bastante lentos a actuar, mas também é um facto que depressa e bem não há quem. Contudo, os milhões de processos que necessitam de ser tratados, poderiam resolver-se em menos tempo se os oficiais de justiça fizessem o seu trabalho e não o de outrem.

Tornou-se hoje público que, afinal, para além de realizarem o seu dever – “apoiar a tramitação de processos” – estes profissionais também têm como responsabilidade comprar os passes sociais dos magistrados! Isto é, quem pensava que ia tratar e reencaminhar casos sérios de foro social, terá também como extra no seu canudo a função de aquisição de passes sociais.

Sim, isto é verídico e poderá ser encontrado, a partir de agora, em qualquer tribunal do país.

O mais caricato nesta história é a forma como os Senhores Doutores Juízes encaram a situação, pois afirmam “não ver onde está o problema” (Jornal da Noite da TVI – 22 de Outubro de 2008), defendendo ainda que “tem mais sentido que se encarregue um funcionário de renovar os passes dos 20 ou 30 juízes do tribunal do que irem os 20 ou 30 juízes” – António Martins, presidente da Associação Sindical dos Juízes (Correio da Manhã – 22 de Outubro de 2008). Sendo assim, se calhar vossa excelência poderia fazer o obséquio de os carregar, já que não percebe qual é o problema!!!

Será que será assim tão difícil perceber a questão?

Afinal o sonho de qualquer oficial de justiça é ir para a fila do passe todos os meses para que os senhores magistrados não tenham esse trabalho.

Se calhar, Senhor António Martins, se as tarefas de cada profissional fossem delegadas de uma forma mais responsável, e se o sistema fosse mais organizado, não existiriam casos que são arquivados sem serem solucionados. Ou processos relevantes que se arrastam durante anos, como o caso de pedofilia na Instituição Casa Pia que desencadeou em 2002, estando previsto o início das alegações finais apenas para o dia 24 de Novembro de 2008 (ou seja, concluir-se-á em meados de 2009 com alguma sorte e se, a fila para os passes sociais, não for muito extensa!).

domingo, 14 de setembro de 2008

“Magalhães”, uma boa aposta???

Chegou o E-escolinhas! Depois do E-escolas, inicialmente destinado aos meninos do Secundário e, posteriormente, aos de 3º ciclo, o portátil “Magalhães” (criado em Portugal) vem fixar as suas raízes no 1º ciclo.

Consta que este portátil, destinado aos mais pequenos, recebeu este nome em tributo a Fernão Magalhães (grande navegador português que realizou a primeira viagem de circum-navegação ao mundo - 1519/1522). A diferença é que este senhor marcou a história pela positiva, enquanto este equipamento corre o risco de não navegar pelos mesmos mares!

A ideia que acompanha “Magalhães” é a implementação das aulas multimédia nos nossos estabelecimentos de ensino. Esta poderá ser uma ideia genial, caso o portátil seja apenas um acessório, mantendo-se os belos ditados e cópias à moda antiga – com o lápis na mão! E poderia ser uma ideia ainda mais genial caso as nossas escolas tivessem condições formidáveis, sendo este equipamento a cereja no topo do bolo! Mas, infelizmente, esta não é a realidade que nos rodeia. Se por alguma eventualidade fizéssemos uma análise cuidada aos nossos estabelecimentos de ensino, deparar-nos-íamos com o seguinte cenário: salas com assentos insuficientes para os alunos, quadros a cair, baldes colocados estrategicamente para receber as gotas de chuva que as construções não suportam, ginásios sem equipamentos, ou então sem ginásios, e por ai adiante.

Na verdade, é um pouco triste, e até ridículo, investir-se cerca de 80 milhões de euros (que iram ser reembolsados em parte com a compra do aparelho) em campos que têm em vista educar uma juventude apta às novas tecnologias, mas esquecerem-se de tudo o resto que é essencial e faz mais falta que o nosso “Magalhães”.

É bom evoluir e não poderia ser mais a favor do desenvolvimento da educação, porém com conta, peso e medida. Mais uma vez parece que a lista de tarefas está desorganizada e as verdadeiras prioridades foram passadas para segundo plano!

domingo, 17 de agosto de 2008

Sexo e a Cidade

Para quem é fã destas quatro hilariantes Nova-Iorquinas, esta foi a cereja sobre o bolo! O filme “Sexo e a Cidade” (continuação da serie do canal norte-americano HBO), de Michael Patrick King, faz qualquer um esboçar um sorriso, enquanto se enternece com os momentos tão reais que cada uma das personagens tem!

Neste “último episódio”, Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) é deixada no altar pelo seu mais que tudo Mr.Big (Chris Noth), com quem já tantas vezes tinha terminado e reatado. Evidentemente, entra num estado depressivo, do qual as suas amigas Samantha Jones (Kim Cattrall), Charlotte York (Kristin Davis) e Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) a tentam tirar. Aos poucos e poucos, esta personagem, louca por sapatos e moda, volta a esboçar um sorriso que lhe permite dar um passo em frente.

Contudo, durante esta sua guerra para sair do caos em que se estava a afundar, Carrie percebe o que é que tornou o seu dia de casamento num dia tão cinzento, o que falhou, o que faltou para o seu sonho não se ter realizado. Durante a sua busca pela verdade, Carrie começa a observar as suas eternas companheiras e analisa todos os acontecimentos das suas vidas, que não são poucos, e, com uma pitada de razão, percebe o que se perdeu pelo caminho. Afinal, o que fez a paixão cair por terra foi esta sua busca obsessiva pela perfeição que sempre a acompanhou. A paranóia de tentar racionalizar tudo, para nada falhar nas suas relações, foi quase fatal! Pensar em todos os pormenores, programar todos os passos, quase a enterrou viva!

No final desta introspecção, a romântica Nova-Iorquina percebeu que não podia ser lógica no que toca a este sentimento tão puro porque tudo o que estava ligado ao amor era ilógico, pois tudo o que “o envolve” é lunático, desprogramado, e essa é a ponte que nos permite sonhar! O que era preciso era deixar-se ir pela corrente e aprender a andar pela mão de outra pessoa, sem perguntas nem explicações!

Permitir-se, a si própria, entregar a sua vida a alguém de olhos fechados, sem medos ou espreitadelas rápidas. Ser capaz de confiar acima do que nos é permitido e sorrirmos por sermos capazes de o fazer! Sem explicações ou lógicas rebuscadas, mas sim, apenas porque sim!

“Sexo e a Cidade” – o filme leve que nos faz esboçar aquele sorriso majestoso.

domingo, 20 de julho de 2008

Um passo atrás???

Os tempos mudam e a sociedade vai-se adaptando às evoluções que nem sempre são para o melhor.

Depois de muito tempo a batalhar pelas 8 horas de trabalho diárias (40 horas semanais), os europeus são agora ameaçados pela hipótese de verem esse direito desaparecer: há mais-ou-menos três semanas, a União Europeia (EU) permitiu a atribuição de 65 horas semanais aos trabalhadores, isto é, 13 horas diárias. A ideia é acabar-se com as horas extraordinárias, diminuindo, assim, os gastos das empresas (que teriam de pagar essas horas), aumentando a sua produtividade – mais por menos.

E quem fica a perder? O povo!

Ora, colocando isto num exemplo mais prático, temos o seguinte: um trabalhador que faça 13 horas diárias e entre às 7 horas, sairá às 21 horas (contando com uma hora de pausa). Acrescentando o tempo em deslocações – 30 minutos em cada viagem que, note-se, é muito pouco – terá que sair de casa às 6h30 e chegará às 21h30. Adicionando o tempo para se vestir – outros 30 minutos – vai levantar-se às 6 horas. Como deve dormir, no mínimo, 8 horas para poder “recarregar baterias”, terá que se deitar às 22 horas. Concluindo, o tempo para se dedicar à família será igual a 30 minutos, o que irá incrementar problemas na estrutura familiar e, consequentemente, no trabalho, pois o bom do Zé-povinho não irá produzir tanto quando está a pensar na discussão do dia anterior. E dado o pais ter a sua taxa de natalidade cada vez mais baixa, a alteração da carga horária só irá fazer esta situação descair cada vez mais (o que trará ainda mais consequências negativas).

Depois de analisar todo este cenário, será que se continuará a querer mais por menos??? A verdade é que ainda nada está decidido ou delineado em Portugal, contudo, só facto de se se permitirem pensar neste caso, é já bastante insensato. Só nos resta esperar que a noção de razoabilidade do nosso governo esteja em alta e não permita esta ideia aberrante (afinal, era como se regredíssemos mais de cem anos!).

domingo, 22 de junho de 2008

Pequenos GRANDES Talentos

Ontem, dia 21 de Julho, a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa recebeu, no seu estabelecimento, dois artistas pouco badalados, mas que merecem uma certa de atenção, nem que seja só pelo facto de fugirem aos ditos padrões comuns das novas bandas sensação.

Espelho Mau e La Chanson Noire são tudo excepto “mais uma cara bonita” (aliás, acredito que tudo o que eles menos querem é fazer parte desta categoria). Na verdade levaram-me a apelida-los por “góticos de aspecto”, dada a sua aparência dark side onde se pode encontrar preto por todo o espaço que os rodeia e, principalmente, neles próprios.

La Chanson Noire abriu a noite. O palco adornado de caveiras, velas e velinhas, tinha como personagem principal (e única) Charles Sangnoir, que tinha como papel o de vocalista e pianista. Iniciando-se com “Água Benta”, La Chanson Noire entreteu o seu público com seis temas, algumas caretas (tão especificas daqueles cantores que estão ali de corpo e alma) e algumas piadas lançadas ao ar, tornando assim o ambiente mais descontraído. Após um pequeno intervalo para o habitual cigarrinho e a conversa “sobre o tempo”, subiu ao palco Espelho Mau. O guitarrista e baixista (Alex Hellraiser e Nuno Soares respectivamente) iniciaram os primeiros acordes da música “Perguntaste-me”, enquanto a voz (Paulo Moreira) se desvendava por entre o público e iniciava a sua actuação de costas para a plateia, muito ao estilo de Maynard James Keenan, dos Tool. O público aderiu a esta banda com mais entusiasmo, talvez pelo número de conhecidos do vocalista existentes na assistência, e este presenteou-os com um espectáculo digno de palmas,assobios e com direito a preservativos espalhados pela sala (para os mais necessitados!).

A faceta mais interessante, tanto d’La Chanson Noire como d’Espalho Mau, é a riqueza das suas letras: entre linhas pode-se apreciar sempre uma ou outra mensagem, uma ou outra crítica, sobre o Mundo que nos rodeia. Na verdade, apesar de pouco badalados, estes artistas vão deixando a sua marca pouco a pouco, pois por vezes nem sempre os maiores são os melhores…

Nomeio a letra da canção “Dez menos Seis” (Espelho Mau) e “Pura Merda” (La Chanson Noire) como as melhores do reportório apresentado.

"Era só uma ideia

Um momento sem querer

Uma palavra feia

Dessas que dão prazer

Tu só querias amar

Mesmo na escuridão

Da palavra silêncio

Casada com a solidão

Porque a vida era Bela

Eras rei como os reis

Mas a idade dela eram dez menos seis

(...)

E queres saber porque pagas

Que preço é esse afinal

É os das mãos com que afagas

O teu desejo animal

Porque a vida era bela

Eras rei como os reis

Mas a idade dela eram dez menos seis

Assim vem subir ao trono

Todo ele ira profética

Cadeira do abandono

Tantas vezes eléctrica (...)"

"Dez Menos Seis" - Espelho Mau

.

.

"(...)Gastas sete anos à espera

De uma sorte magra e severa

Já nao me sabes dizer

O que é que te faz correr

Já não me sabes dizer

O que te faz viver

Quero ir ao Ritz

Quero ler o jornal Blitz

Memórias de uma era

Tão funesta e surreal

Discos em vinil

Utopias eram mais que mil

Memórias de uma era

tão distante e tão igual

Tudo isto é pura merda

Isto não é mais que uma espera

(...)

Que se lixe a literatura

O povo já não quer cultura

Só McDonalds para a mente

E um governo que o sustente

Que se lixe a arte em geral

Sê bem vindo a este funeral

Enterro à laia de Estado Novo

Fátima, Fado, Ópio para o povo"

"Pura Merda"- La Chanson Noire

sexta-feira, 6 de junho de 2008

ASAE=PIDE???

Poderá ser esta a imagem?

Chocante, mas verdadeira. A ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) parece fazer jus ao poder que tem e ainda abusar de toda essa força que lhe foi colocada entre mãos.

Apesar das suas funções terem em vista melhorar e assegurar as regras de higiene mínima em todos os estabelecimentos comerciais e fábricas espalhadas pelo pais, beneficiando, deste modo, toda a população portuguesa, este serviço parece começar a prejudicar o Zé-povinho (tal como tudo o que está a ser implementado por este governo).

Tendo nascido a partir de outros organismos já existentes, este serviço de inspecção rapidamente iniciou a sua colecção de proibições e apreensões. Desde o café da ginjinha, tão famoso entre a população mais antiga de Lisboa, até às praças, já passou vista a uma grande percentagem de “mercadorias”. Contudo, consta que o futuro poderá ser mais drástico: investigações descobriram que os inspectores "têm que detectar 124 infracções, levantar 61 processos de contra-ordenação, que vão terminar em coimas, abrir oito processos-crime e fechar ou suspender o funcionamento de pelo menos seis estabelecimentos" este ano (dados revelados por Paulo Portas a 26 de Julho de 2008), isto é, mesmo que tudo esteja em ordem, algo terá que se tornar defeituoso para se poder fazer justiça às previsões.

O mais triste é o facto de algo que poderia vir a melhorar o nível de produção portuguesa, apenas o tem vindo a prejudicar, actuando como algo semelhante à PIDE (Polícia Internacional de Defesa do Estado): aplica regras, ordena, despeja, fecha, destrói sem pensar nas consequências. A única diferença é que não mata, pelo menos não directamente. Isto justifica-se pelo seguinte facto: ao fechar fábricas que albergam, como trabalhadores, famílias inteiras, estas irão ficar sem recursos para sustentarem a família. Como consequência, vão morrendo aos poucos e poucos, dada a miséria em que a sua vida se vai transformar.

Porém, é necessário deixar explicito que a ASAE não foi um mau investimento. As regras básicas devem ser respeitadas, mas tudo tem os seus limites. Ao ver a nossa tradição desaparecer com todas estas imposições, é tempo de dizer chega a esta “polícia criminal com capacidade para fazer detenções e apreensões”. Primeiro os enchidos tão tradicionais deste nosso país, agora a doçaria (tenha-se como exemplo o pastel de Tentúgal que está em risco de ser proibido, dada a forma da massa ser cortada – no chão, com um objecto que separa amassa do solo para não existir qualquer tipo de contacto – e por ser barrada com um utensílio caricato: uma pena) e num futuro próximo a bela da sardinha e febra assada ao som da música popular.

Um dia este país, que tanto quer investir no turismo, nada poderá oferecer aos seus visitantes porque até lá tudo desapareceu, devido ao selo colocado pela ASAE. É triste assistir a este desfecho e ver que um bom investimento se tornou na PIDE dos tempos modernos.

Aonde é que vamos parar, meu Portugal tão amado?

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Suaves Castigos...

Há alguns meses atrás deparei-me com uma notícia intrigante no jornal da RTP 1: as reclusas de determinada prisão, durante a sua pena, têm aulas consoante o seu nível de aprendizagem e trabalham dentro da prisão, sendo remuneradas por este “emprego” (neste caso a tarefa era formarem as solas de borracha de botas).

Na verdade eu acho bem que o façam, afinal assim são úteis. Mas receberem por tal?

Isto levou-me a uma conclusão caricata: uma pessoa que pratique algum tipo de delito (como por exemplo, matar alguém ou traficar droga) tem como castigo, nada mais nada menos que: passar uns anitos num local onde é educada, tem cama e roupa lavada, comida e presta um serviço pelo qual é remunerada. Ou seja, a punição para estes seres que supostamente “se portaram mal” é umas mini-férias sem custo algum. O único senão é o facto de estarem sempre no mesmo espaço durante um longo tempo e não poderem escolher o destino das supostas”férias”. Muito bom!

Realmente com represálias tão severas como estas, no lugar dos criminosos não me preocupava muito, afinal se a minha “má acção” não for descoberta não me acontece nada, se for, irei para um lugar (que por sinal se chama cadeia) onde não tenho despesas, aprendo umas coisitas, podendo até a transformar-me numa pessoa letrada, e ainda junto algum dinheiro sem me cansar muito. Parece que os “nossos amigos” não têm grandes problemas!

Acho que sim, que vamos bastante longe com estas medidas tão duras. Eu sei que tem em vista reabilitar, e não castigar os reclusos, mas não haveria outra maneira? E já não será reembolso suficiente o facto de os reabilitarmos?

Supostamente, as pessoas que são condenadas são realmente culpadas de algo, por isso, a que se deve esta vida tão folgada durante a sua pena? Porquê um castigo tão benévolo? É óbvio que, para alguns indivíduos, estar fechado durante tanto tempo em determinado espaço já é castigo suficiente, contudo não os poderiam tornar mais úteis?

Por exemplo, para quem passeia por algumas ruas de Lisboa, e periferia, depara-se muitas vezes com paredes rabiscadas, locais bastante perfumados por um odor pouco agradável devido a lagos sem tratamentos, vê ainda jardins demasiado sujos, enfim, espaços que realmente poderiam ser encantadores e, na verdade, não o são devido à falta de atenção para com eles. Não seria mais produtivo organizarem-se pequenos grupos de prisioneiros (para não se desencadear algum tipo de problema, afinal é mais fácil controlar meia dúzia, do que uma multidão) e aplicar a sua força na melhoria destes espaços tão vastos e espalhados por todo o país? É claro que isto é apenas um exemplo. Poderiam desde distribuir roupa e comida pelos sem-abrigo, até apoiar na elaboração de obras mais simples. Mas sem nenhum tipo de remuneração, pois o facto de ajudarem na preservação da sociedade já deveria ser recompensa suficiente. E para aqueles que demonstrarem um bom desempenho, poderia existir uma diminuição de pena. Porque não?

O problema é que para isto acontecer teriam que existir polícias, ou alguém responsável pelos reclusos, para evitar o aparecimento de complicações e é claro que isto iria fazer com que o governo investisse no financiamento destes vigilantes, o que não deve soar muito bem a Teixeira dos Santos (Ministro de Estado e das Finanças). Afinal, isto leva-nos para campos políticos, e nessa área parece ser sempre tudo muito complicado!

sábado, 12 de abril de 2008

Dia Mundial do Beijo

Ontem, dia 11 de Abril, foi dia Mundial do Beijo. O ósculo deve existir, com certeza, desde os nossos primórdios e as estatísticas dizem que damos 24 milhões de beijos durante toda a vida (mas que grandes beijoqueiros!).

Por definição, beijo é o toque dos lábios numa pessoa ou objecto. Mas um beijo não é apenas isto. Esta descrição coloca o beijo numa posição bastante secundária, o que na realidade não corresponde à verdade. Um beijo pode não ter significado nenhum, limitando-se a ser um cumprimento educado trocado por dois indivíduos que nem amigos são, porém também pode significar o Mundo!

O beijo poderia ser o começo ou o fim. Desde arrebatador a monótono, pequeno, grande, dado com carinho ou paixão fugaz, com segundas intenções ou apenas porque sim. O beijo deveria ser o símbolo da paz. O beijo, essa acção que, se pensarmos bem, até é um pouco estranha chegando ao linear de nojenta, consegue dizer tanto. Aquele momento fulcral que faz o Mundo parar, quando trocado por alguém que se Ama. O beijo da despedida, quando o corpo já jaz em paz; o beijo surpresa; o beijo da saudade e o beijo que tanto se procura; o beijo intenso; o beijo rápido e o beijo simples; o beijo enigmático, que nos deixa a desejar por mais; o beijo roubado que sabe a morango, chocolate ou a “chicla de mentol”; o beijo sentido, magoado; o beijo que diz Amo-te; o beijo que ocupa o vazio quando nada mais há a acrescentar e todos os pontos do nosso corpo só querem vibrar com aquele gesto fantástico! Um beijo que nos toca a alma e descobre em nós o segredo nunca antes revelado.

O beijo e todas as suas variantes, que fazem dele uma brincadeira de crianças ou um sonho encantado, divertem todas as faixas etárias e é intemporal. O beijo vale mais que mil palavras.

Um beijo. O Beijo. Só porque sim!

“Recebi o teu bilhete

para ir ter ao jardim

a tua caixa de segredos

queres abri-la para mim

e tu não vais fraquejar

ninguém vai saber de nada

juro não me vou gabar

a minha boca é sagrada

Estar mesmo atrás de ti

ver-te da minha carteira

sei de cor o teu cabelo

sei o shampoo a que cheira

já não como, já não durmo

e eu caia se te minto

haverá gente informada

se é amor isto que sinto

Quero o meu primeiro beijo

não quero ficar impune

e dizer-te cara a cara

muito mais é o que nos une

que aquilo que nos separa

Promete lá outro encontro

foi tão fugaz que nem deu

para ver como era o fogo

que a tua boca prometeu

pensava que a tua língua

sabia a flor do jasmim

sabe a chicla de mentol

e eu gosto dela assim

Quero o meu primeiro beijo

não quero ficar impune

e dizer-te cara a cara

muito mais é o que nos une

que aquilo que nos separa”

“Primeiro Beijo” Rui Veloso e Carlos Tê

terça-feira, 1 de abril de 2008

Tema do dia: VIOLÊNCIA

Parece que o nível de violência do nosso país tem vindo a decrescer pelas estatísticas, dado que existe uma diminuição de 36% de registos de violência de 2006 para 2007. Contudo cada vez se ouvem mais queixas entre a população portuguesa e são cada vez mais os caso que aparecem nos jornais.

Consta que andar à noite (parte do dia mais propicia a assaltos) sem preocupações, sem olhares à retaguarda em busca de vultos suspeitos é já uma actividade que pressupõe alguma dificuldade. Os assaltos passaram a ser constantes, com utensílios à mistura (facas, armas de fogo, etc.), e para as vitimas já não é uma sorte não lhes levarem nada, mas sim ficarem vivos ou sem ferimentos graves.

Mas a violência não se resume aos assaltos. Acrescente-se a esta realidade os abusos domésticos, ou as complicações na área do ensino, entre professores e alunos. E irei resumir-me a esta última de modo a não prolongar este post.

Desde alguns anos que os profissionais desta área se sentem ameaçados e inseguros devido à alta de respeito e abuso por parte dos alunos dentro das quatro paredes de uma sala de aula. Contudo, parece que só agora se ganhou coragem e se começa a desvendar algumas destas situações, tornando púbicas as desavenças entre docentes e discentes.

Parece inconcebível, mas o ensino tem vindo a tomar precursões que nunca se imaginara no passado. Antigamente quase se fazia continência perante os senhores professores e estes eram a figura a quem se devia obediência e estima, porém, nos tempos que correm, esta imagem tem-se tornado cada vez mais rara. Os alunos revelam uma postura lamentável ao serem violentos a mal formados para com o professor. Um exemplo destas atitudes é a notícia que tem sido manchete em todos os jornais, onde uma aluna entra em desavença com a docente por esta lhe ter retirado o telemóvel (sabendo que a utilização deste utensílio é proibida, a “menina” não se coibiu de o usar, levando a uma atitude mais drástica da professora, tendo a situação acabado em gritos e insultos trocados entre as “personagens principais da trama”).

É deveras triste ver estas atitudes por parte dos alunos, e saber que esta é a geração que deixamos como herança. Contudo a culpa não pode ser apenas colocada sobre os ombros dos jovens. A educação começa em casa e se os pais não dão o exemplo a seguir, se não ensinam a diferença entre o certo e o errado, não são os professores que o vão fazer. Apesar destes cada vez mais terem uma maior cota parte na educação e desenvolvimento dos jovens, só têm como obrigação forma-los academicamente, cabendo aos pais a formação como indivíduo pertencente a uma sociedade, como cidadão “equilibrado”, pois é desde criança que a educação deve ser implementada, de forma a que a evolução do ser humano siga o caminho correcto, e não o do crime.

É nos nossos descendentes que devemos investir, são eles o futuro do nosso país. Se criamos criminosos, o futuro não se apresenta muito agradável. É preciso investir na educação desde o inicio da vida, é preciso ter pulso firme e dizer não, castigar quando necessário, para se poder transmitir a mensagem do certo e errado. Afinal é desde o primeiro dia que o indivíduo começa a formar a sua personalidade e, se não se investir desde cedo nos futuros jovens, será impossível fazer a sua reabilitação quando atingirem a idade adulta.

É essencial repensarmos a educação que transmitimos os nossos descendentes e mudar o que está errado para que a esperança nas próximas gerações nunca morra!

quinta-feira, 13 de março de 2008

Simones Precisam-se!

Ela é aquela pessoa, aquela mulher sem papas na língua, com opiniões mais do que definidas, com uma carreira invejável, um marco na história de Portugal.

Simone de Oliveira comemorou 50 anos de carreira no dia 25 de Fevereiro de 2008, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa. Uma senhora inconformada com as regras da sociedade, uma senhora sem problemas em dizer não quando todos dizem sim, uma senhora digna de todo o respeito e admiração que lhe são dedicados. Participou um pouco em todas as áreas da arte do espectáculo, desde cantora a actriz, passando por apresentadora, sendo normalmente associada à famosa interpretação, no Festival RTP da Canção de 1969, da música “Desfolhada” (“quem faz um filho/fá-lo por gosto”).

Com aquela robustez, que tanto a caracteriza, causa “pele de galinha” a qualquer um com os seus ditos, e nela encontramos o orgulho de ser português, que ultimamente tem estado esbatido no espírito deste povo. Parece-me a mim que precisávamos de mais “Simones” por este país que acreditem nas nossas capacidades, que relembrem a alma portuguesa batalhadora e corajosa que está camuflada entre nós. “Simones” que vejam o cenário tal como ele é, mas que não desistam e consigam sorrir na maior das dificuldades, ultrapassando todos os terrenos montanhosos com que se deparem.

Porque nós somos capazes, porque nos corre sangue Lusitano nas veias, porque todos temos um bocadinho desta ilustre senhora ciente que não se deve baixar os braços! Temos esta “obrigação” de lutar por nós, independentemente da batalha, há que tentar e tentar e voltar a tentar. É importante dar o devido valor ao que nos rodeia e fazer jus aos nossos princípios. É urgente voltar a acreditar, é necessário encontrar aquele “quê” que nos faz perceber conscientemente o quanto valemos individualmente e como nação.

“Oh minha terra

Minha aventura

Casca de noz

Desamparada

Oh minha terra

Minha lonjura

Por mim perdida

Por mim achada”

Ary dos Santos – “Desfolhada”

terça-feira, 4 de março de 2008

E o Prémio vai para...

Pois, lamento informar que também não sei.

Parece que aquele senhor que está sempre na mesma posição já caminha para uma idade avançada e este ano os Óscares comemoraram o seu 80º aniversário.

Esta cerimónia, que junta glamour e algum divertimento, foi apresentada por John Stewart e decorreu no dia 24 de Fevereiro, tendo sido emitida pela estação televisiva TVI. Por ter sido transmitida em directo, esta cerimónia, que une profissionais experientes e jovens que dão os primeiros passos nas artes do espectáculo, passou na televisão portuguesa por volta da uma hora da madrugada de 24 para 25 (devido à diferença do fuso horário)

Infelizmente, pelas horas tardias, muitos telespectadores, por trabalharem no dia seguinte, não tiveram a oportunidade de acompanhar esta gala. Contudo, estamos a falar de uma estação portuguesa e, como tal, seria de esperar a repetição dos Óscares. Tão previsível como sempre, a TVI fez jus às suas rotinas e voltou a emitir a cerimónia, deixando os telespectadores a rejubilar pela oportunidade de assistir à entrega das estatuetas.

Este canal de televisão repete todo o tipo de programas, nomeadamente a telenovela Morangos com Açúcar, que volta transmitir, todos os dias, o episódio do dia anterior; ou a Gala dos 15 Anos da TVI, que foi emitida em directo no horário nobre e voltou a passar durante a tarde do Sábado seguinte; entre outros casos que não irei nomear. Logo também “deu uma oportunidade” a esta gala, mas no dia seguinte (3ª feira) novamente a horas tardias. Ou seja, quem não viu o directo por incompatibilidade com o horário, também não pôde assistir à sua repetição pelo mesmo factor.

Pois, temos pena senhores telespectadores! Parece que esta foi, notoriamente, uma grande falha por parte desta estação televisão, dado que acabou por discriminar o grupo de cidadãos (que acredito ser numeroso) que se tem que se levantar cedo e não pode, por muita boa vontade que tenha, acompanhar estes programas interessantes que são transmitidos em horários completamente descabidos (em relação aos Óscares refiro-me à repetição por suposto).

O mesmo se aplica ao programa cultural Cartaz das Artes (que é transmitido às 5ªas feiras por volta da 1h30 da manhã), ou a filmes de extremo interesse que acabam por não ter a projecção merecida, pois passam tarde e a más horas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O que deveria ser e Não Foi…

Ora aqui vai uma salva de palmas para o nosso 1ºMinistro José Sócrates! É claro que, com as palavras que ouvimos deste senhor, só poderia começar este post com alguma ironia.

Ontem, depois do Jornal da Noite da SIC, Ricardo Costa (jornalista da SIC) e Nicolau Santos (director adjunto do jornal Expresso) tiveram a oportunidade de colocar algumas questões pertinentes a este senhor, que se fez apresentar numa entrevista demasiado curta para todas as dúvidas que o seu mandato indicia. Na minha humilde opinião, este encontro não foi conduzido da melhor forma pelos senhores entrevistadores, dado que não souberam contornar as respostas bem construídas e perspicazes de Sócrates. Na verdade, este último tem uma qualidade deveras impressionante: sabe discursar e, por consequência, detém de uma facilidade enorme em fugir a questões mais delicadas e transforma a conversa em algo que mais lhe convém.

E foi aqui que ocorreu a grande falha: faltou pulso firme por parte dos jornalistas, de modo a obterem do entrevistado a informação crucial que mostra que existem várias lacunas nas suas decisões, levando a resultados demasiados negativos para a população. Ora observemos o seguinte caso: José Sócrates vangloria-se do número de estudantes no Ensino Secundário ter aumentado, devido aos cursos profissionalizantes, equivalentes ao 12º ano, que foram levados a cabo no seu mandato. Até aqui nada a apontar, afinal factos baseados em estatísticas verídicas não poderão ser contrariados. Então e depois de obterem esta escolaridade? Presumimos que os estudantes terão melhores empregos, dado o seu nível académico, mas esta não é a situação real. Este senhor consegue oferecer facilidades na realização de um curso profissional, sem garantir trabalho nessa área. Ou seja, os alunos instruem-se e depois acabam por ser empregados em locais onde o 6º ano é mais do que suficiente. É claro que o saber não ocupa lugar, mas é por esta falha que existem tantos trabalhadores em sítios onde o seu nível académico é superior ao necessário, não falando já da taxa de desemprego que vem a aumentar nos últimos 20 anos.

E quanto às escolinhas primárias, de algumas aldeias, que foram fechadas por terem apenas 10 ou menos alunos, a justificação é a seguinte: as crianças têm uma necessidade de se relacionarem com um número elevado de pessoas. Não poderia estar mais de acordo, afinal o contacto com diferentes indivíduos só poderá ser benéfico. Contudo não se deveria assegurar um transporte para se poderem deslocar até aos estabelecimentos de ensino, que muitas vezes se situam em aldeias a quilómetros da sua? Dever devia, mas esse transporte foi esquecido, ou então nunca lembrado, e o único método que muitos têm para poderem ir até à escola são as suas belas pernas que só cessam quando o corpo descansa na cadeira da sala de aula (episódio ocorrido em Arraiolos, Évora, onde a nova escola fica a 2Km da aldeia).

Outro assunto referido foi o tema Saúde onde elejo as maternidades para a minha crítica. A política aplicada foi: nos locais com menos de 1500 partos por ano e más condições terão de encerrar. Faz sentido, se as mães não tivessem que se dirigir a locais demasiado afastados da sua habitação, acabando por dar à luz em ambulâncias, como foi o caso em Viseu onde, depois do encerramento de hospital de Lamego, já se deram cinco partos a caminho do hospital de Viseu. Ora entre isto e tentar melhorar as maternidades, o nosso ilustre 1º Ministro escolheu…… o “isto”! Não é fantástico nascer pelas mãos de bombeiros sem formação na área? Antes isso do que numa maternidade que faz “só” 1500 partos por ano. (Então e depois no B.I que local de nascimento vai constar? Se calhar ambulância dos Bombeiros de Lamego, por exemplo.).

É claro que estes são só alguns erros, deste senhor, onde os jornalistas não actuaram, deixando o Engenheiro José Sócrates sorrir ao mesmo tempo que elaborava um discurso embelezado, onde só a parte boa era revelada.

Uma pena esta sua atitude senhor 1º Ministro, dado que não vivemos num conto de fadas e era preciso limar estas arestas tão bicudas às quais não é dada a devida importância.

O vídeo da reportagem encontra-se no seguinte site, caso queiram "espiar":

http://sic.sapo.pt/online/scripts/2007/videopopup.aspx?videoId={8F05EBE1-99DA-4014-ACB5-62945F6401CE}

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

De volta...

Preparem as pipocas, apaguem as luzes, recostem-se bem nos assentos que a sessão vai começar – O House está de volta e traz com ele toda a genialidade que nos faz estar sessenta minutos colados a televisão!

Finalmente chegou a nova temporada do mais arrogante e divertido doutor de sempre. Hugh Laurie veste a pele da personagem Gregory House e inclui-o na lista de pessoas com aqueles defeitos terríveis, tais como ser convencido, antipático, mau feitio e ter aquela mania estridente de rebaixar qualquer indivíduo que se cruze com ele. Mas são estas características que nos fazem amá-lo e levam muitos a odiá-lo. Aliás, as opiniões que recaem sobre a serie vão de extremo a extremo, tal como perante a personagem: ninguém lhe é indiferente e desconheço até alguém que a considere “assim-assim”.

Nesta nova temporada procuram-se colaboradores. É claro que este “ser superior” não quer, de modo algum, uma nova equipa, pois considera-se portador de um nível de inteligência suficientemente alta para resolver o mais problemático caso. Mas isto não corresponde totalmente à verdade, dado que para se equilibrar os pratos da balança é necessário existir alguém que nos faça olhar para o lado e ver a “escultura” de uma perspectiva diferente. E até esta personagem, que tem tanta aversão por relações interpessoais, percebe que precisa de alguém que demonstre que está errado ou que prove a sua veracidade. Precisa de trocar opiniões, ouvir críticas, expressar emoções, porque lá no fundo, tal como qualquer outro ser humano, a convivência com outras pessoas é imprescindível para manter a sanidade mental. Talvez o seu grande problema com relações seja uma forma de protecção frente a todos os altos e baixos que caracterizam as ligações humanas, ou então ele é apenas um “sacana” hipócrita sem sentimentos que foge a tudo o que é convencional, deixando de lado a subtileza e todas as regras de etiqueta, fazendo tudo o que lhe apetece.

E este é o bilhete de entrada para o seu “Mundo”, esta perspectiva do que nos rodeia, de um ângulo bastante diferente e sem mal-entendidos, porque tudo o que se pensa é dito sem rodeios e falsas aparências.

House, o doutor que se compara a Deus, está de volta à casa… (ainda bem!).

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

“Primeiro estranha-se, depois entranha-se...”

Tal como a Coca-Cola!

Lembro-me exactamente do meu primeiro pensamento em relação àquele estranho livrinho decapa preta e título demasiado impensável: “Isto não deve valer nada!”, mas dei uma hipótese àquelas estoriazinhas tão macabras como extraordinariamente (ir)reais! Só poderia estar a falar do famoso Tim Burton e do seu livro A Morte Melancólica do Rapaz Ostra e outras estórias. Este trabalho caracteriza-se como todos os outros: inimaginável, intrigante, magnifico!

Durante a minha curta existência cruzei-me com alguns dos seus filmes, sem nunca os associar a ele. Até que um dia lá descobri de quem se tratava, e percebi o que todas as longas-metragens tinham em comum (incluindo este livro): no meio da estória, que quase parece absurda, existe uma mensagem, mensagem esta que vai sendo deixada como que em pequenas pistas a que temos que estar atentos. Atrever-me-ia a acrescentar que este Senhor chega a desafiar os limites de tudo o que catalogamos por normal, contudo foi esta “arrogância” que o levou a criar grandes obras que se vão destacando. Lembremo-nos de Eduardo Mãos de Tesoura, aquela espécie de homem incompleto, mas feliz, desde que não lhe tirassem os seus jardins onde mostrava o que realmente era; Charlie, a fábrica de Chocolates, um rico egocêntrico, que, na realidade, só quer esconder toda a tristeza que assombrou a sua infância; e agora o mais recente de todos, Sweeney Tood: o Terrível Barbeiro de Fleet Street, que ainda não posso comentar (dado que não tive oportunidade de o ir ver), mas decerto irá de encontro às expectativas que coloco nele.

A sua loucura sã “primeiro estranha-se e depois entranha-se”! Deste seu livro elejo Raparida Vodu e O Bebé Âncora como as minhas estórias preferidas, que na verdade assemelham-se bastante a histórias. Perspicaz e fantástico, Burton parece escrever direito por linhas tortas, levando-o a conquistar a minha atenção e certamente merecerá a vossa!

Afinal, a verdade é que “primeiro entranha-se e depois estranha-se”!