domingo, 20 de julho de 2008

Um passo atrás???

Os tempos mudam e a sociedade vai-se adaptando às evoluções que nem sempre são para o melhor.

Depois de muito tempo a batalhar pelas 8 horas de trabalho diárias (40 horas semanais), os europeus são agora ameaçados pela hipótese de verem esse direito desaparecer: há mais-ou-menos três semanas, a União Europeia (EU) permitiu a atribuição de 65 horas semanais aos trabalhadores, isto é, 13 horas diárias. A ideia é acabar-se com as horas extraordinárias, diminuindo, assim, os gastos das empresas (que teriam de pagar essas horas), aumentando a sua produtividade – mais por menos.

E quem fica a perder? O povo!

Ora, colocando isto num exemplo mais prático, temos o seguinte: um trabalhador que faça 13 horas diárias e entre às 7 horas, sairá às 21 horas (contando com uma hora de pausa). Acrescentando o tempo em deslocações – 30 minutos em cada viagem que, note-se, é muito pouco – terá que sair de casa às 6h30 e chegará às 21h30. Adicionando o tempo para se vestir – outros 30 minutos – vai levantar-se às 6 horas. Como deve dormir, no mínimo, 8 horas para poder “recarregar baterias”, terá que se deitar às 22 horas. Concluindo, o tempo para se dedicar à família será igual a 30 minutos, o que irá incrementar problemas na estrutura familiar e, consequentemente, no trabalho, pois o bom do Zé-povinho não irá produzir tanto quando está a pensar na discussão do dia anterior. E dado o pais ter a sua taxa de natalidade cada vez mais baixa, a alteração da carga horária só irá fazer esta situação descair cada vez mais (o que trará ainda mais consequências negativas).

Depois de analisar todo este cenário, será que se continuará a querer mais por menos??? A verdade é que ainda nada está decidido ou delineado em Portugal, contudo, só facto de se se permitirem pensar neste caso, é já bastante insensato. Só nos resta esperar que a noção de razoabilidade do nosso governo esteja em alta e não permita esta ideia aberrante (afinal, era como se regredíssemos mais de cem anos!).